O pai de uma aluna denunciou a escola da filha ao Ministério Público porque os estudantes são orientados a rezar o "Pai Nosso" antes das aulas, em Simões Filho, região metropolitana de Salvador. O aposentado José Ivanildo Cabral é ateu e acredita que a filha de seis anos pode ser induzida a se tornar religiosa pelo fato de fazer a oração na Escola Municipal Antônio Carlos Magalhães. O MP informou que investiga o caso desde fevereiro de 2015 e que vai recomendar a escola a evitar as práticas religiosas, já que o estado é e deve ser laico.
Segundo Cabral, em casa, a educação é baseada no ateísmo, a ausência de crença em divindades. Mas, de acordo com ele, o colégio onde a menina estuda pratica rituais religiosos com os estudantes, o que significa uma falta de respeito à diversidade no ponto de vista do aposentado
É uma imposição porque está se colocando algo na mente de uma criança, indo contra os princípios da família", reclama José Ivanildo. De acordo com Elisângela, secretária da escola, toda segunda-feira é feita a oração do "Pai Nosso" com os alunos, mas eles não são obrigados a participar. "Aqui não existe isso. Os alunos não são obrigados a fazer a oração", afirma a funcionária.
Mesmo sem a obrigação, o pai da estudante ainda considera a oração uma imposição religiosa. "O estado é laico, as escolas são um braço do estado e deveriam também respeitar a laicidade, respeitar a diversidade", defende. Já Lenilda Freitas, que tem dois filhos na escola, concorda com a prática religiosa. "Eu acho normal. Acho que não prejudica em nada a criança", conta.
A secretaria de Educação de Simões Filho informou por meio de nota que não orienta nenhuma prática religiosa dentro das instituições da rede municipal, e que o ocorrido na escola Antônio Carlos Magalhães é um fato isolado.
Ainda por meio da nota, a secretaria informou que a direção da escola realiza duas vezes por semana o "momento cívico", quando é cantado o hino nacional e feita a oração do "Pai Nosso", por ser considerada uma oração universal, sem nenhuma conotação religiosa. Já com relação à filha de José Ivanildo, a secretaria de Educação disse que a direção da escola encaminhou a situação ao conselho municipal de educação e aguarda o parecer técnico do órgão.
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